Quando
eu decidi que iria me inscrever para o intercâmbio, estava muito nervosa e me
preparando psicologicamente para o pior. Sempre tive em mente que o povo
português fosse um povo muito frio e, muitas desculpas pelo termo, estúpido.
Há três anos
eu fiz uma viagem para a Alemanha com alguns alunos do meu colégio e a escala
da viagem foi em Lisboa. Tanto no avião, quanto no aeroporto, os portugueses
não foram nem um pouco receptivos. Por um momento ficamos perdidos no aeroporto
e sem querer voltamos para um local que não deveríamos ter voltado. Um dos seguranças
daquela sessão foi um pouco grosso com nós.
Hoje vejo o
quão equivocada estava eu. Não sei se foi pela época que eu fui ou o quê. Mas
sei que sinto muito pelas impressões erradas que tive desse povo tão acolhedor
e respeitoso.
Praticamente
todas as vezes que pedi informação a alguém na rua ou na Universidade ou a
pessoa tentava ser o mais simpática e explicar o melhor que podia ou ela me
levava até o local desejado.
Sem contar que
o trânsito aqui não chega nem aos pés das cidades grandes do Brasil. A minha
cidade é considerada uma das com os piores motoristas, mesmo sabendo que há
piores. Em Curitiba se um pedestre, mesmo na faixa de segurança e com o veículo
longe, tenta atravessar, o motorista já começa com o buzinaço e a
acelerar o carro. Aqui isso nunca iria acontecer, ou quase, não sei. Na maioria
das vezes que fui atravessar a rua, fiquei esperando o carro passar, como de
costume. O motorista vendo que há um pedestre na eminência de atravessar a rua,
pode ser a rua que for, ele vai parar para o pedestre atravessar.
Sei que em muitas
cidades do interior do sul do país isso ainda ocorre. E acho uma atitude maravilhosa,
afinal, o pedestre na faixa tem preferência, sem contar que é muito mais
sensível que qualquer automóvel.
Porém nada são flores. Tudo que eles tem de
amáveis e simpáticos, eles tem de fama européia. Deixa que eu explico. Falaram-me
que no Porto a situação é outra, mas pelo menos aqui em Braga, o acúmulo de
lixo é relativamente grande comparado ao tamanho da cidade. Não sei se é porque
vim de uma cidade considerada ecológica. Quando se começa a andar pela rua,
principalmente de manhã cedo, se vê horrores de garrafas quebradas e copos de
plástico decorrentes das festas da noite anterior. E aqui eu também nunca vi aquelas pessoas que limpam as ruas, os
garis, só vi os caminhõezinhos que escovam as ruas, ou coisas do tipo.
Não sei, acho
que tanto o Brasil tem que aprender com seus ‘descobridores’ como Portugal com
sua ex-colônia. Apesar de já estar fazendo isso, uma vez que a quantidade de
música brasileira é tocada aqui é maior da que eu ouço no Brasil. Mas isso é
outra história.